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DPF Onézimo Sousa
Delegado Federal aposentado.
Durante sua vida na ativa foi responsável por operações no Brasil e em toda América Latina na área de inteligência. Os anos de serviço lhe renderam conhecimento em várias áreas humanas e profissionais, entre estas, as particularmente policiais, além das histórias curiosas, engraçadas e extraordinárias, que mais parecem contos de ficção.
Em nossa coluna, Memórias da Enfoque Policial Federal, a estreia com um desses contos, nos faz conhecer um pouco mais da história do nosso entrevistado e sua trajetória pela Polícia Federal.
Onézimo ingressou no serviço público em 1972 na Polícia Rodoviária Federal, onde chefiou algumas equipes em operações conjuntas com a Polícia Federal.
ENTREVISTA
Dr. Onézimo, é verdade que ocorreu esse convite para se aposentar e...?
Não que tenha ocorrido tal convite nos termos formulados. Com certeza, tenha sido uma frustração pessoal em não concluir um dos mais importantes trabalhos de inteligência policial voltado para o Rio de Janeiro visando o combate efetivo às organizações criminosas, que por lá já proliferavam desde o ano de 1995. Após a minha aposentadoria, decorrido algum tempo, o mesmo trabalho foi reiniciado e coordenado pelo DPF Beltrame, com resultados altamente relevantes para a atividade policial.
Relembrando, tudo teve início com uma visita do Presidente da República durante uma conferência realizada no Rio, onde órgãos representativos da sociedade civil cobraram enfaticamente do Presidente uma ação mais efetiva das forças federais ali sediadas. O Presidente, retornando a Brasília, consulta o Ministro da Justiça e fez valer o cumprimento daquela cobrança. Convocado, o Diretor-Geral da PF fez minha designação para tão importante missão.
Frustação...
Relatando, Onézimo, escolheu a dedo 40 policias altamente operacionais e competentes, entre Delegados, Agentes, Escrivães e funcionário administrativos, havendo a promessa do Ministro da Justiça de fazer liberação especifica de recursos financeiros para tal fim, os quais não foram disponibilizados, lhe causando imensa frustração, mesmo tendo realizado o trabalho, de forma precária e restrições severas, por quase um ano, com muito sacrifício pessoal de todos.
O que representou essa aposentadoria “forçada”…?
Como já declinei inicialmente, o cumprimento da missão determinada pelo próprio Presidente não foi provido dos recursos financeiros prometidos, o que acarretou grandes dificuldades para a realização de um trabalho mais acurado e inteligente. Faltavam veículos, verbas para pagamento de hospedagem dos policiais, material técnico disponível, sendo tudo executado com muito sacrifício e riscos.
Tive o hotel onde estava hospedado, em plena Copacabana, invadido por bandidos mascarados que tentavam me intimidar, destruindo o apartamento que ocupava. Por sorte do destino, havia sido convocado pelo Diretor-Geral na véspera e encontrava-me em Brasília.
Existe uma mágoa...?
Não magoa, talvez frustração! Com a ordem dada para paralisar um trabalho de tão vital importância para a população carioca, senti morrer ali todo o meu sonho de deixar um legado marcante, combatendo o crime organizado naquela tão bela Capital. Fizemos o que foi possível.
Os chefões do tráfico do Rio, à época, vendo o cerco empreendido, fugiram. Dois dos principais foram presos. Um em Brasília e outro no Ceará. Passamos, então, a priorizar as investigações sobre outras organizações criminosas que tentavam substituir os líderes criminosos presos.
Foi muito valioso e de fundamental importância o apoio recebido da Justiça Federal, nas pessoas de dois grandes juízes, o Dr. Guilherme Calmon e o Dr. Abel Fernandes, hoje Desembargadores Federais. Da mesma forma, valiosos os apoios recebidos do Comando Militar e do Secretário de Segurança, o Cel. Nilton Cerqueira.
Quanto ao ressentimento contra a Polícia Federal... JAMAIS....Com a minha aposentadoria precoce, afastei-me fisicamente da Polícia Federal, mas ela nunca se afastará de mim. Era imenso o meu desejo de ter continuado a prestar serviços à coletividade, mesmo tendo cumprido 30 anos de atividades contínuas, estressantes e permanentes.
E hoje...?
Foi tal a minha dedicação a minha Instituição, que mesmo hoje podendo advogar, não o faço no campo criminal. Todo o trabalho de assessoria presto a grandes grupos empresarias voltados para a inteligência competitiva e implementação de medidas de “compliance”. Para tanto, matriculei-me numa importante Universidade Europeia, concluindo com êxito após 3 anos um curso de pós-graduação em Inteligência Competitiva e Contra inteligência Corporativa.
Em resumo, de tudo isso...
A dinâmica da atividade policial me contaminou desde muito cedo. Chefiando setores vitais da antiga Divisão de Repressão a Entorpecentes (DRE), coordenando operativos nacionais e internacionais, operando com policiais de outros países, serviu-me como um aprimoramento inigualável a minha formação profissional, trazendo também muita experiência e a oportunidade de conhecer todo o nosso país, como a palma de minha mão.
Que mensagem você deixa…?
Tenham vocação. Dediquem de corpo e alma àquilo que fazem em prol da sociedade. “A Polícia Federal lhes dará a oportunidade de conhecerem e saber o que podem fazer para um Mundo Melhor! “
HISTÓRIAS DE UM COP (POLICIAL) DE DRE V.
No finalzinho do mês de abril do ano de 1981, ainda APF, lotado na ANP, fui convocado pelo Diretor da Academia, nosso grande Dr. Stimamilio, determinando que me apresentasse no Gabinete do Senhor Diretor-Geral, no prazo de duas horas, nada informando sobre tão aterrorizante determinação.
Durante o trajeto até a Sede, debrucei-me, preocupado e tentando imaginar se teria feito alguma ação comprometedora…😱😱😱😱.
Trêmulo, ao chegar e adentrar no Gabinete do Diretor-Geral, este estava acompanhado do CCP, o saudoso Dr. Romão, quando então, fui nomeado, sem qualquer direito de recusa ou argumentação, para embarcar para missão especial nos Estados Unidos da América, ficando estabelecido o prazo de DOIS DIAS para todos os procedimentos de praxe.
Já nos EUA, em 1981, tive a oportunidade de estabelecer importantes entrelaçamentos com as autoridades policiais americanas, notadamente do Drug Enforcemet Administration (DEA), não imaginando que estaria lançando ali, as primeiras sementes para a implantação da figura do Adido Policial. Ao ilustre Dr. Galdino, Diretor da Dops/CCP, que já tinha planos sobre o tema, apresentei relatório CIRCUNSTANCIADO após o meu regresso, após quase três anos após.
Inusitado...
Num operativo da Polícia Americana, em Nova York, convidado a participar como observador internacional, deparei com um caso de extorsão, com emprego de telefone, onde os meliantes exigiam o depósito da importância extorquida, a ser depositada num determinado banco, indicando também a conta favorecida.
Curioso e ávido em conhecer a tão sonhada técnica investigativa dos companheiros policiais americanos, desesperado, já que em nada podia opinar, o encarregado do caso autorizou que a vítima efetuasse o depósito solicitado.
Cá com os meus botões, já tinha em mente que, o Brasil, com uma inflação diária e galopante, já detinha a tecnologia de movimentações bancárias on-line, ainda não praticadas pelos bancos americanos.
Não conheciam ou não atentaram ao fato os policiais americanos, que após o "Start", de qualquer tentativa de saques na conta indicada pelos marginais, esta mantida sob estreita vigilância e tecnologicamente controlada pela Polícia Americana, o sistema bancário americano, impunha um "delay" de cerca de 50 minutos para os primeiros registros de saques e resgate da grana na conta indicada pelos marginais.
Não restou o consolo, de ver paulatinamente sumiço do dinheiro da conta guarnecida, em saques sucessivos e seguidos.cQuando da prisão dos meliantes, pode-se verificar que eles contavam e conheciam que teria o tempo de 50 minutos para sugarem todo o montante da grana, imprudentemente depositada.
Quando presa a quadrilha, aprendeu-se com eles um mapa contendo o maior número de caixas eletrônicos que seriam utilizariam em toda NY City, naquele diminuto tempo.
A surpresa maior vem agora... TODOS os marginais eram BRASILEIROS. No único momento que pude então palpitar, afirmei: "OS NOSSOS BANDIDOS SÃO REALMENTE DIFERENCIADOS"...